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Sunday, October 13, 2024

Democracia perneta. O Brasil de uma perna só

Repetindo o que o economista Paulo Guedes já disse em diversas ocasiões, “o Brasil é uma democracia que tem pulado apenas com uma perna, a esquerda”, faço essa citação de cabeça.

Não é estranho que muitos brasileiros sejam uma contradição em si mesmos quando analisados através do aspecto político. Nos costumes, de modo geral, é um povo que valoriza a família, — por aqui é comum o caboclo ou a caboclinha só sair da casa dos pais quando se casa, se não se casa é comum continuar morando com os pais. Depois de casados os brasileiros tendem a morar perto da família que os gerou, misturando a família progenitora com a nova família, vivendo assim em uma espécie de “clã”. Nas grandes cidades isso tem mudado, mas no interior ainda é assim.

Pró vida por natureza o brasileiro também em sua maioria é contra o aborto, mesmo com toda propaganda direta e indireta para subverter os valores do povo. Religioso, “cristão espírita”, católico ou evangélico, praticante ou não, o brasileiro acredita em Deus e busca ter uma vida pautada por esses valores, mesmo que por muitas vezes seja confuso. Politicamente, no entanto, nossos posicionamentos vão na contra mão dos nossos valores mais caros. Votamos em socialistas, comunistas, demagogos, ateus e corruptos de toda espécie, que se aproveitando da carência do brasileiro, seja ela econômica ou intelectual, pinta e borda em cima de nossa miséria.

Como explicar essa contradição?

Após um período de regime militar (ou de ditadura se você preferir esse termo), recuperamos a tão esperada liberdade política, a democracia. Todos os comunistas que haviam sido exilados ou presos receberam a anistia, voltaram ao país como todos os direitos políticos e se tornaram a nova classe política do país. Agora mais moderados, os novos “democratas”, assumiram o poder, porém com a mesma ideologia de antes, com o mesmo objetivo totalitário e utópico de antes, todos socialistas, todos de esquerda. Liberdade? Democracia? Ou apenas mais um engodo perpetuado por aqueles ávidos pelo poder e dominação, por ideólogos e reformadores?

Eu era muito jovem na época da redemocratização, mas observo hoje a história, e me faço a seguinte pergunta. Será que ninguém estranhou o fato da nossa redemocratização só haver, substancialmente, um tipo de discurso? Ninguém estranhou que todos os grandes partidos e políticos eram socialistas (a mesma ideologia que é anti democrática por natureza), com exceção de alguns excêntricos, como Enéas ou salafrários como Collor, que se comparado aos grandes políticos de direita no mundo não são ninguém?

A democracia brasileira é diferente das demais democracias do mundo e o brasileiro não percebeu isso. Nos deram um embrulho muito bonito chamado democracia, mas sem o conteúdo prometido. No Brasil a democracia sempre existiu para beneficiar um único lado, o único que existia. Nossas eleições não passaram apenas de uma disputa de cargos entre socialistas de diversas matizes, uns radicais, outros mais moderados, mas todos socialistas, ao ponto que o próprio salvador da ideologia comunista na América do sul, Lula, louvar o fato de não haver nenhum “troglodita de direita” na disputa eleitoral de 2006, se não me engano.

No Brasil, democracia significa o exato oposto do que ela realmente é. Na cabeça do esquerdista, democracia não é a mesma coisa do que é no resto do mundo. No resto do mundo temos a disputa em esquerda e direita, liberais e conservadores, mas no Brasil não é assim, e esse fato ainda é louvado como coisa boa!

Pela primeira vez, desde a redemocratização nós estamos tendo uma eleição, (salvo algumas possíveis fraudes), democrática. E a esquerda e seus cabos eleitorais na mídia, todos de esquerda vindos da mesma militância comunista dos tempos da ditadura, se desesperam em esperneios histriônicos de “fascista, nazista, racista, homofóbico” frente ao candidato (e eleitores) que ousam derrubar o castelinho de areia da “esquerda democrática”. Democracia é a disputa e alternância de poder entre antagônicos, a constante tensão entre pontos de vista diferentes, que busca assim, de alguma forma, manter o equilíbrio no exercício do poder.

É natural e até compreensível que muitos brasileiros se assustem frente ao candidato de direita. Afinal nasceram em um regime democrático fake, nunca aprenderam ou viveram numa democracia autentica, e qualquer coisa que fuja do seu horizonte de consciência limitado é visto com ares de extremismo, fascismo ou qualquer outra palavra deslocada de seu real significado, que tem por objetivo apenas ser um gatilho de emoções negativas frente a mudança.

Somos um país aleijado, perneta, pulando com uma perna só. Agora há a possibilidade de ganharmos uma outra perna, uma prótese se você preferir. Só assim poderemos caminhar com mais firmeza, ir mais longe e conquistar mais território.

Estamos quebrando uma hegemonia de pensamento e uma hegemonia política de décadas. Os donos dessa hegemonia estão desesperados, cheios de ódio e medo, e farão de tudo para se manter no poder. Dia 28 de Outubro o Brasil decidirá se continuará a pular com uma perna só, ou se se transformará em um maratonista, correndo com as duas pernas. Somente pisando com os dois pés no chão nós seremos verdadeiramente livres e independentes. Precisamos nos livrar das muletas e das dificuldades que a esquerda nos impôs, e assim conquistar nossa liberdade.