Por cá faz-se já o tempo da transição. As folhas secas se vão em prol da mudança, da preparação para o que virá. Como toda renovação, passa pelo processo natural da queda, pelo belo esforço de despir-se do que será, talvez, útil para adubar a terra ou servir de ninho a novas vidas.
“Caem folhas secas no chão irregularmente, mas o facto é que sempre é outono no outono.” (Álvaro de Campos, A passagem das horas)
Faz-se necessário refletir para o desapego do que não é prioritário: abrir mão para dar espaço ao amadurecimento que virá. Vêm – de Florbela – o crepúsculo doirado e a tardinha silenciosa, a gordura e o óleo dos frutos secos: nozes, pinhões, amêndoas, pevides, avelãs, pistácios, castanhas.
Como as folhas caem para que as árvores foquem suas defesas nas necessidades que a mudança climática trará, as oleaginosas possuem propriedades que contribuem para a proteção do organismo humano. Aproveitemos, também nós, o frescor da estação, seu convite a mudanças, e reflitamos acerca do que virá. Aprendamos e convertamo-nos. Ainda vamos em tempo.
“Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos para serem apagados os vossos pecados. Virão, assim, da parte do Senhor os tempos de refrigério, e ele enviará aquele que vos é destinado: Cristo Jesus”. (At 3, 19-20)